São Paulo – Funcionários da área restrita do maior aeroporto internacional do Brasil, em Guarulhos, na Grande São Paulo, recebiam do Primeiro Comando da Capital (PCC) uma média de R$ 30 mil por cada bagagem recheada com cocaína despachada para Europa. Isso equivale a mais de um ano de salário deles.
Os valores foram apurados pela Polícia Federal em investigação sobre o esquema de cooptação de profissionais terceirizados do aeroporto pela facção criminosa, para facilitar o envio de drogas ao continente europeu.
A média salarial dos funcionários da área restrita é de R$ 2 mil mensais, segundo a PF. Em alguns casos, eram despachadas bagagens suficientes para o prestador de serviço ganhar, em um único dia, o equivalente a dois ou até cinco anos de salário.
“É fácil cooptar esses funcionários. São pessoas simples, que ganham mal”, diz uma das fontes a par da investigação, ouvida sob condição de anonimato pelo Metrópoles.
O esquema ganhou repercussão quando veio à tona, no fim de semana, o caso de duas passageiras de Goiânia (GO) que tiveram as bagagens trocadas por malas com cocaína e foram presas por tráfico internacional de drogas em Frankfurt, na Alemanha, em 5 de março.
As malas de Jeanne Cristina Paolini Pinho e Kátyna Baía foram despachadas no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mas as etiquetas das bagagens foram trocadas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Cada uma tinha cerca de 20 quilos de cocaína. As bagagens originais das passageiras ainda não foram encontradas.
Depois que a PF mostrou que elas foram vítimas do esquema criminoso dentro do aeroporto internacional de São Paulo, as brasileiras foram soltas da prisão na Alemanha na terça-feira (11/4). Seis funcionários suspeitos de participarem da quadrilha já foram presos em Guarulhos. Eles aparecem em imagens do circuito interno trocando as etiquetas das malas ou dando cobertura à prática.